“Os prisioneiros são tratados como sub-humanos. Existem vários tipos de centros de detenção no país”, declarou Jung, citando tortura com choques elétricos e espancamento como práticas habituais para obter confissões forçadas. “Em seguida, são transferidos para campos de prisioneiros políticos, onde são submetidos a mais de 18 horas de trabalhos forçados por dia”.
Segundo outra dissidente, que pediu anonimato por questões de segurança, aqueles que conseguem fugir do país rumo à Coreia do Sul são tratados como traidores pelo regime do Norte. “Mas não somos traidores. Saímos da Coreia do Norte porque a vida era difícil. Não podíamos comer direito e estávamos sujeitos à repressão política e econômica”, disse ela.
Armas antes, comida depois
O trio de dissidentes alega que o Ocidente age, de certa forma, exatamente como o regime ditatorial de Kim Jong-un, que coloca as questões militares acima do bem-estar da população. “O regime de Kim quer gastar dinheiro em seu programa nuclear e de mísseis e não em fornecer comida para seu povo”, diz Robert Collins, especialista em Coreia e consultor sênior da HRNK, ONG norte-americana que busca chamar a atenção do mundo para os abusos na Coreia do Norte.
Nesse sentido, sobram críticas inclusive para a ONU (Organização das Nações Unidas). “Já se aram dez anos desde que a Comissão de Inquérito da ONU sobre a Coreia do Norte foi estabelecida. Nada mudou nesses dez anos. Absolutamente nada”, disse Jung.
Greg Scarlatoiu, diretor executivo da HRNK, concorda com a análise. “O desafio antes, durante e depois da [formação da] Comissão de Inquérito da ONU é que os direitos humanos sempre são superados por outras questões: militares, nucleares, mísseis, segurança…”.
Michiel Hoogeveen, membro do Parlamento da UE, reforça o pedido dos dissidentes para que a questão humanitária seja mais debatida. “Não devemos esquecer os 25 milhões de pessoas que vivem lá, disse ele. “Apesar das discussões e engajamento da ONU, não estamos falando o suficiente sobre isso”.
Na visão de Jung, deve haver um objetivo comum entre as nações, que é levar o ditador ao banco dos réus. “Nos próximos dez anos, continuarei trabalhando para indiciar Kim Jong-un ao Tribunal Penal Internacional (TPI), como tenho feito nos últimos dez anos. Peço à comunidade internacional que apoie nossos esforços”, declarou.
Por Agencias Internacionais